Comprar um dicionário é, aparentemente, uma tarefa simplíssima. Basta ir à livraria (na rua, no shopping, na internet), procurar por aquele dicionário que todos conhecem ou pelo que estiver mais barato e fim de papo. É assim que muita gente faz. E era para ser diferente? Depende de alguns fatores: para quem se destina, que uso será feito dele...
Há poucos dias, fui à livraria atrás de um dicionário que eu considero muito bom. Como não havia nenhum exemplar dele na estante, resolvi consultar os outros disponíveis como a lhes dar uma chance de me cativarem. Demorei ali uns bons minutos. Eu já estava no fim da prateleira quando se aproximou uma mulher acompanhada pela atendente, que lhe apontou os dicionários. A mulher foi direto ao primeiro da prateleira, exatamente o que eu considerei o pior até então. Sequer o abriu para conferir se, ao menos, tinha uma fonte em tamanho legível ou se o preço era menor, nada. Bateu o olho, pegou, saiu. E pensei comigo "Será que ela sabe o que ela precisa comprar?"
Para que serve um dicionário? Essa é fácil, responderá o leitor, serve para conhecermos o significado das palavras e esclarecermos alguma dúvida relacionada à ortografia. Realmente, quem usa o dicionário só pra isso vai mesmo se contentar com qualquer um, inclusive com o tal que a mulher escolheu e eu achei bem ruinzinho. Mas um dicionário não se presta apenas para listar sinônimos e para ensinar ortografia. Neste texto falarei sobre apenas mais uma utilidade, que considero importantíssima àqueles cujo ofício os obriga a redigir documentos e, principalmente, cuja formação não se deu em uma Faculdade de Letras.
Frequentemente ouvimos frases como "Fulano era a pessoa que eu mais gostava". Para quem não entendeu o que há de errado, adianto que, na falta de uma gramática, um bom dicionário informaria que quem gosta gosta de algo ou de alguém e, por isso, o tal fulano era a pessoa de quem o beltrano mais gostava. Ah, isso é frescura de acadêmico, ninguém precisa falar assim, o importante é que a mensagem seja entendida, já ouvi muito de colegas engenheiros essa desculpa. Isso é argumento de gente preguiçosa. Alguma concessão pode ser feita à comunicação oral e à escrita em situações bastante informais. Mas erros básicos de regência encontramos aos montes em textos jornalísticos (inclusive dos grande jornais do país), que, assim como nossos documentos técnicos e científicos, devem seguir as normas gramaticais.
Há verbos e nomes cuja regência nos dá belas rasteiras. E como é difícil encontrar um dicionário que contenha regência verbal e nominal! Os mais conhecidos nada dizem a respeito, restrigem-se a apontar, no caso do verbo, se ele é transitivo indireto e só. Uai, isso é meia informação; se é indireto, que preposição ele exige? Outro dia uma pessoa chegou a mim com dúvida sobre a regência do verbo perdoar: "Eu perdoo uma falta de alguém ou perdoo alguém por alguma falta?". Como as gramáticas só costumam trazer meia dúzia de casos de regência, é mais fácil, nos momentos de aperto, consultar um bom dicionário. E não precisa ser um desses dicionários imensos e pesadíssimos, há minidicionários que trazem regência:
perdoar
vtd: Perdoar uma indelicadeza. vti + a: perdoar aos inimigos. vtdi + a: Perdoamos ao rapaz a ofensa.
Um professor meu diz que há dicionários comerciais e dicionários completos. Aprendamos nós, que em nosso trabalho devemos obediência ao bom Português, a extrair dos últimos toda informação que nos ajude a não desrespeitar nosso idioma.
Há poucos dias, fui à livraria atrás de um dicionário que eu considero muito bom. Como não havia nenhum exemplar dele na estante, resolvi consultar os outros disponíveis como a lhes dar uma chance de me cativarem. Demorei ali uns bons minutos. Eu já estava no fim da prateleira quando se aproximou uma mulher acompanhada pela atendente, que lhe apontou os dicionários. A mulher foi direto ao primeiro da prateleira, exatamente o que eu considerei o pior até então. Sequer o abriu para conferir se, ao menos, tinha uma fonte em tamanho legível ou se o preço era menor, nada. Bateu o olho, pegou, saiu. E pensei comigo "Será que ela sabe o que ela precisa comprar?"
Para que serve um dicionário? Essa é fácil, responderá o leitor, serve para conhecermos o significado das palavras e esclarecermos alguma dúvida relacionada à ortografia. Realmente, quem usa o dicionário só pra isso vai mesmo se contentar com qualquer um, inclusive com o tal que a mulher escolheu e eu achei bem ruinzinho. Mas um dicionário não se presta apenas para listar sinônimos e para ensinar ortografia. Neste texto falarei sobre apenas mais uma utilidade, que considero importantíssima àqueles cujo ofício os obriga a redigir documentos e, principalmente, cuja formação não se deu em uma Faculdade de Letras.
Frequentemente ouvimos frases como "Fulano era a pessoa que eu mais gostava". Para quem não entendeu o que há de errado, adianto que, na falta de uma gramática, um bom dicionário informaria que quem gosta gosta de algo ou de alguém e, por isso, o tal fulano era a pessoa de quem o beltrano mais gostava. Ah, isso é frescura de acadêmico, ninguém precisa falar assim, o importante é que a mensagem seja entendida, já ouvi muito de colegas engenheiros essa desculpa. Isso é argumento de gente preguiçosa. Alguma concessão pode ser feita à comunicação oral e à escrita em situações bastante informais. Mas erros básicos de regência encontramos aos montes em textos jornalísticos (inclusive dos grande jornais do país), que, assim como nossos documentos técnicos e científicos, devem seguir as normas gramaticais.
Há verbos e nomes cuja regência nos dá belas rasteiras. E como é difícil encontrar um dicionário que contenha regência verbal e nominal! Os mais conhecidos nada dizem a respeito, restrigem-se a apontar, no caso do verbo, se ele é transitivo indireto e só. Uai, isso é meia informação; se é indireto, que preposição ele exige? Outro dia uma pessoa chegou a mim com dúvida sobre a regência do verbo perdoar: "Eu perdoo uma falta de alguém ou perdoo alguém por alguma falta?". Como as gramáticas só costumam trazer meia dúzia de casos de regência, é mais fácil, nos momentos de aperto, consultar um bom dicionário. E não precisa ser um desses dicionários imensos e pesadíssimos, há minidicionários que trazem regência:
perdoar
vtd: Perdoar uma indelicadeza. vti + a: perdoar aos inimigos. vtdi + a: Perdoamos ao rapaz a ofensa.
Um professor meu diz que há dicionários comerciais e dicionários completos. Aprendamos nós, que em nosso trabalho devemos obediência ao bom Português, a extrair dos últimos toda informação que nos ajude a não desrespeitar nosso idioma.