terça-feira, 17 de março de 2009

Pós-25 (ou "bedjera")

"Depois dos 25, é ladeira abaixo". Ouvi essa frase aos 26 ou 27 anos, quando resmungava durante uma consulta médica contra os resultados de um exame de sangue. Que ousadia a daquela resma de papel a me acusar de abusos com LDL e triglicerídeos? "Isso é coisa de velho, doutor, nunca tive dessas macacoas antes", e o médico foi categórico: "Meu caro, deixe eu te dizer uma verdade nada agradável: depois dos 25, é ladeira abaixo mesmo!"

De lá pra cá repito esse axioma para os amigos, que também confessam se sentir corroborando o dito do médico. "É a 'bedjera' chegando!" E o axioma fez-se dogma, ao qual eu recorro mais para justificar eventuais lapsos de memória, mesmo sabendo não ser exatamente esse o contexto em que deveria ser aplicado.

Agora resolveram formalizar a coisa cientificamente. O Globo Online publicou hoje: "Capacidade mental começa a diminuir aos 27 anos, diz estudo". Tudo bem, 2 anos está dentro do desvio padrão. Mas brequei a comemoração ao ler que, especificamente no caso da memória, o estudo aponta que ela fica intacta até os 37 anos em média. Pois é, aí fiquei fora até do desvio padrão. Mas faz mal não, nunca tive problemas em me assumir como velho desde, desde, sei lá desde quando. É até bom, às vezes tacham umas opiniões minhas como um tiquim intolerantes ou antiquadas. "É gente velha que pensa assim!", "Uai, mas eu sou velho, você queria o quê?" E a pessoa fica sem argumento :^)

Mas há também vantagens sob aspectos mais comezinhos da vida. Ano passado - não, acho que foi em 2007, não sei ao certo - criei vergonha na cara e comprei uma dessas estantes de plástico antes que os vários livros que já não cabiam na prateleira iniciassem uma revolução e me exilassem de meu próprio quarto. Em poucos meses já não cabia nada mais na estante nova, atualmente envergada já. Tsc tsc tsc... demorei a me dar conta de uma outra verdade: pra quê comparar mais livro se, com essa memória volátil, pode-se reler a mesma história que se continua sem saber o que vai rolar na página seguinte? Corolário: bastam 20 livros na estante para garantir leitura o resto da vida (Morwen, 2008. Não, acho que 2009).

O pior é que continuo me esquecendo disso quando vou nos sebos do centro ou na Livraria Cultura. "É a 'bedjera' chegando!" :^D

quarta-feira, 4 de março de 2009

Confesso



Agudas, limosas, oblíquas, rolantes.

Degraus, escoras, alicerce.

Sim, meu conterrâneo, são muitas delas no meio do caminho

Cansativo, embora sem elas, por vezes, não exiba a mesma graça.

E em outras, nenhum sentido.

terça-feira, 3 de março de 2009

Kassab e Jânio

Conta-se que, quando prefeito da capital paulista pela segunda vez, Jânio Quadros, já com a saúde abalada, descuidou dos gastos da prefeitura. No segundo semestre de 1988, o último de sua gestão, não houve verba, por exemplo, para a compra das lâmpadas dos semáforos da cidade. Eu ainda não morava aqui, mas cidadãos conscientes e atenciosos, classe cada vez mais rara, já me falaram desse episódio algumas vezes.

Contamos desde então 20 anos, e por esses dias recordo tal história no percurso casa-trabalho. A quantidade de semáforos com lâmpadas apagadas é danada! Braz Leme, Sumaré, Pacaembu, Pedroso de Moraes, Heitor Penteado, Cruzeiro do Sul, em todas essas avenidas podemos contar semáforos caolhos, quando não totalmente apagados, em pelo menos um de seus cruzamentos. Voluntários da Pátria, Mourato Coelho, Canadá, viadutos da Vergueiro sobre a 23 de Maio... Parece que a razão desta vez não é caixa vazio, houve problemas no cronograma da licitação para compra das lâmpadas. A se cumprirem os prazos comumente observados em tais trâmites...

Deve ser esta uma das premissas do tal choque de gestão: "Chefe, precisamos de lâmpadas para os faróis, vamos licitar!", "Que licitar nada, pega mais uma lá no almoxarifado", "Chefe, já zeramos o estoque!", "Relaxe, meu caro, o congestionamento na cidade só piora, para que mais lâmpada daqui pra frente?"